quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Em busca da essência do Natal





Afinal, qual o verdadeiro sentido do Natal?




Por Ismênia Noleto

Em uma sufocante peregrinação, uma multidão toma o calçadão da Simplício Mendes. Populares aproveitam as novidades repletas de promoções e facilidades para antecipar as compras de Natal e Ano Novo. Em cada loja, em cada vitrine, tudo parece exalar o cheiro agradável do Natal. Nessa época, os consumidores fazem crediários, “estouram” cartões de crédito e compram além do que podem pagar, no entanto, para muitos, a idéia do Natal está interligada a presentes, roupas e sapatos novos. Enfim, para o capitalismo neoliberal, a data é fundamental para alavancar a produção e o consumo, nessa ordem.
Célia Teles, que pechinchava um relógio junto a um ambulante, no centro de Teresina, acredita que o crescimento das compras nem se dá tanto pelo Natal. “Nessa época, acho que tem a ver com o décimo terceiro, com as férias”, afirma a estudante. Mas não é só isso.
O Natal, data comemorativa do nascimento de Jesus Cristo, tem 17 séculos e foi instituído pelo Papa Libério, em 354 d.C, em substituição às festas pagãs que celebravam o solstício de inverno. “O capitalismo tem por volta de 250 anos de vida. Podemos falar em consumismo apenas a partir do século XX, quando a produção industrial começa a ser uma produção em massa para gerar consumo em massa”, explicou o sociólogo Eurípedes Dourado, referindo- se ao fordismo.
O sociólogo destacou que, ao final do século XVIII, as lojas de departamento na Europa (embriões dos atuais shopping centers) perceberam que o consumo deveria ser aliado ao prazer, e não apenas à satisfação das necessidades e afirmou ainda que é daí que surge a publicidade. Ele destacou o papel central das campanhas publicitárias atualmente, principalmente em datas comemorativas.
De acordo com Eurípedes Dourado, vivemos dentro da lógica do “compro, logo existo”. “A figura emblemática do Papai Noel é, no entanto, o símbolo dessa associação entre Natal e consumo. O Papai Noel tem se tornado o maior representante do Natal, sendo mais conhecido no mundo que o próprio Jesus Cristo. Ele é a figura do presenteador, o ícone do consumo no mundo todo, deixando muito para trás qualquer natureza cristã que o Natal possa ter.
O consumismo de Natal faz com que muitos comprem o que não podem pagar, ou que, no mínimo, vão levar quase até o outro Natal para terminar de pagar. Os comerciantes são os que saem ganhando todo fim de ano. Alguns produtos chegam a crescer até 80% em número de vendas nesse período.
SIGNIFICADO DO NATAL:
O Natal surge como o aniversário do nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus, sendo atualmente uma das festas mais importantes. A princípio, a Igreja Católica não comemorava o Natal. Foi em meados do século IV d.C. que se começou a festejar o nascimento do Menino Jesus, tendo o Papa Júlio I fixado a data no dia 25 de Dezembro, uma vez que se desconhece a verdadeira data do Seu nascimento.
Uma das questões para a escolha do dia 25 de Dezembro como sendo o dia de Natal prende-se com o fato de esta data coincidir com a Saturnália dos romanos e com as festas germânicas e célticas do Solstício de Inverno, sendo todas estas festividades pagãs. A Igreja viu no Brasil, uma oportunidade de cristianizar a data, colocando em segundo plano a sua conotação pagã. Algumas zonas optaram por festejar o acontecimento em seis de Janeiro, contudo, aos poucos, esta data foi sendo associada à chegada dos Reis Magos e não ao nascimento de Jesus Cristo.
Sendo assim, o Natal é dedicado pelos cristãos a Cristo e transformou-se numa das festividades primordiais da Igreja. Apesar de ser uma festa cristã, o Natal, com o passar do tempo, converteu-se numa festa familiar com tradições pagãs, em parte germânicas e em parte romanas.
Sob influência franciscana, espalhou-se, a partir de 1233, o costume de, em toda a cristandade, se construírem presépios, uma vez que estes reconstituíam a cena do nascimento de Jesus. A árvore de Natal surge no século XVI, sendo enfeitada com luzes, símbolo de Cristo, Luz do Mundo. Outra tradição de Natal é a troca de presentes, que é geralmente festejado entre familiares e amigos, como símbolo de amor, amizade e confraternização. Segundo o teólogo romano Tertuliano, a prática de trocar presente fazia parte da Saturnália
Outra tradição nesse período é a árvore de Natal que tem suas origens no paganismo. De acordo com uma fábula babilônica, um pinheiro renasceu de um antigo tronco morto. O novo pinheiro simbolizava que Ninrode tinha vindo a viver novamente em Tamuz. Entre os druidas o carvalho era sagrado. Entre os egípcios era a palmeira, e em Roma era o abeto, que era decorado com cerejas negras durante a Saturnália. O deus escandinavo Odim era crido como um que dava presentes especiais na época de natal àqueles que se aproximassem de seu abeto sagrado.
“Não podemos esquecer que o verdadeiro significado de Natal prende-se com o nascimento de Cristo, que veio ao Mundo com um único propósito: o de justificar os nossos pecados através da sua própria morte. Deus enviou Jesus Cristo que, como um cordeiro sem pecados, veio ao mundo para limpar os pecados de toda a Humanidade através da Sua morte, para que um dia possamos alcançar a vida eterna, por intermédio Dele, Cristo, Filho de Deus”, afirmou o pastor Igreja Cristã Evangélica do Parque Sul, Adaías Almeida Silva.

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