segunda-feira, 6 de julho de 2009

TOC, TOC, TOC... Quem está aí?


Bruno B. Soraggi- Site IG


Algumas manias, se repetidas muitas vezes, podem caracterizar TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Preste mais atenção em suas atitudes, você também pode sofrer desse problema
Bruno B. Soraggi.
Deixar de se vestir com peças de determinadas cores, preocupar-se demasiadamente com a limpeza do ambiente, checar diversas vezes se a porta da casa está trancada antes de repousar, incomodar-se caso a disposição de alguns itens da prateleira tenha sido alterada... No geral, tais atitudes são tidas como manias. Às vezes, quando mais exacerbadas, são também chamadas de excentricidades ou extravagâncias.
A partir do momento em que esses rituais se tornam uma obsessão, no entanto, eles deixam de ser peculiaridades e se transformam em sintomas do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), uma perturbação mental que, estima-se, atinge cerca de 2,5% da população adulta mundial e, de acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Luiz Alberto Hetem, tem suas primeiras manifestações na adolescência. “A ocorrência do TOC é mais comum do que se pensava. Vemos isso agora que as pessoas procuram auxílio profissional mais cedo, sensibilizadas pelos casos de dúvida”, explica.
Essa maior conscientização, segundo o especialista, pode ser atrelada à crescente menção ao assunto realizada por parte dos filmes e telenovelas - o personagem interpretado por Stênio Garcia na novela "Caminho das Índias", da Rede Globo, por exemplo, apresenta algumas manias, mas nada de tão sério como as do personagem de Jack Nicholson no filme "Melhor Impossível".
Outra atração televisiva de destaque que aborda o tema é o seriado Monk, que conta a história de um detetive cheio de rituais.Mas o que é exatamente o Transtorno Obsessivo-Compulsivo? Para a Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtornos Obsessivo-Compulsivo (Astoc), é o transtorno caracterizado por “pensamentos obsessivos, geradores de ansiedade e angústia aos seus portadores. Essas pessoas, então, se sentem obrigadas a realizar ações compulsivas em busca de alívio, mesmo que momentâneo, muitas vezes com a crença de que se o comportamento não for realizado, algum mal poderá ocorrer a algum ente querido”.
Esse comprometimento com as manias vem acompanhado de angústia e aflição, podendo ainda gerar a diminuição na autoestima e depressão. A idade de início da manifestação desse transtorno costuma ser mais precoce nos homens. De acordo com a quarta edição do estudo Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorder, publicado nos Estados Unidos em 1994, mas ainda tomado como referência, ela se situa mais exatamente entre 6 e 15 anos. Nas mulheres, os primeiros sintomas costumam ser sentidos dos 20 aos 29 anos.
Embora o TOC geralmente se manifeste no período que antecede a vida adulta, há casos registrados de obsessões compulsivas já na infância. O que difere uma excentricidade inofensiva do diagnóstico de obsessivo-compulsivo é a intensidade com que esses hábitos se expressam. “O TOC pode ser visto como um exagero acentuado de algumas manias toleráveis em jovens e adultos. A grande diferença é que ele causa sofrimento e atrapalha, faz o paciente perder tempo com ele e causa desgaste nas relações”, explica Hetem.
Foi o que aconteceu com o a universitária Paloma P., 22, que, muito preocupada com sua higiene, chega a se lavar pelo menos três vezes a cada banho. “Antes de sair para a aula, de manhã, eu sempre tomo banho. Mas diferente do resto, só depois de lavar o corpo várias vezes é que eu me sinto limpa”, afirma. Essa necessidade de repetição já fez com que a jovem fosse eliminada de entrevistas de emprego por se atrasar para os compromissos.
Nem todas as manias, porém, são encaradas como empecilhos para uma vida sem transtornos. É o que se pode notar em uma rápida busca por comunidades relacionadas ao tema no Orkut. No grupo denominado ‘Obsessivo Compulsivo’, que registra 7.671 membros, é comum a abordagem de hábitos dos integrantes de maneira mais voltada ao humor, transformando-os em motivo de piada e proporcionando aproximação entre eles. Casos como a necessidade de contar os azulejos do cômodo em que estão ou a obrigação autoimposta de coçar um braço logo após ter feito o mesmo no outro são relatados e debatidos de maneira descompromissada.
Vida comum?É possível, então, levar a vida mesmo com TOC. Um exemplo disso é o da estudante Naiara R., 17, que só consegue ouvir aparelhos de som caso o indicador do volume esteja apontando um número ímpar. “Não atrapalha ninguém”, se defende. Ou o da universitária Renata F., 23, que não consegue ser tocada por outra pessoa sem depois retribuir. “Se alguém encosta em mim eu fico angustiada até conseguir encostar nela de volta. Claro que não é no segundo seguinte; eu dou uma disfarçada, falo mais algumas coisinhas e toco nela ‘naturalmente’”, conta rindo.
“Não se vive tranquilamente, mas dá para viver sem grandes problemas”, analisa Hetem. Ainda assim, o vice-presidente da ABP sugere que a pessoa procure por auxílio profissional assim que desconfiar sofrer de sintomas.
Segundo o texto "Transtorno Obsessivo-Compulsivo: Perguntas e Respostas", disponibilizado no site Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e assinado pela mestra em Psiquiatria pela UFRGS e colaboradora do Consórcio do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (C-TOC), Andréa Raffin, pela doutora em Psiquiatria e também professora da UFRGS, Elizeth Heldt, e pelo mestre na disciplina e professor da mesma instituição, Aristides Cordioli, aproximadamente 10% dos casos de TOC tendem a um agravamento progressivo.
Isso pode “incapacitar os portadores para o trabalho e acarretar sérias limitações à convivência com família e com outras pessoas, além de submetê-los a um grande período de sofrimento”. “O que acontece é que existem circunstâncias que aumentam ou diminuem o transtorno, como a ansiedade. Ele pode ficar estabilizado por anos, mas sempre com grau de comprometimento pronunciado”, complementa Hetem. TratamentoAs causas do TOC ainda não são totalmente conhecidas.
Estudos suspeitam que uma soma de fatores de natureza genética, psicológica,cultural e educacional se desencadeia em obsessões e compulsões em determinados indivíduos. Mas enquanto as origens ainda são uma incógnita, os tratamentos têm evoluído e se mostrado eficazes. “Em geral, o mais adequado é a associação de medicamentos antidepressivos e sessões de terapia. Levá-los individualmente é insuficiente”, ensina Luiz Alberto Hetem.
Muitos pacientes que sofrem de TOC, no entanto, têm vergonha de seus rituais e obsessões e, por isso, tentam escondê-los de seus parentes e amigos. Isso, somado a pouca informação em relação à doença por parte de grande parte das pessoas, explica o porquê da demora, em média, de cerca de oito anos entre o aparecimento dos sintomas e a procura por ajuda.
O quadro, porém, geralmente é tão evidente que, segundo o médico, grande parte dos pacientes que chegam ao seu consultório não se surpreende ao ouvir de sua boca que são casos de TOC. “Eles já chegam desconfiados. Às vezes até acontece o oposto: a pessoa vem crente de que sofre de Transtorno Obsessivo-Compulsivo, mas não. Aí elas ficam frustradas. Muitas prefeririam ter um diagnóstico para uma coisa que é tratável”, revela.


Toc, toc! Quem esta aí?

Não é preciso um estudo aprofundado para se concluir que a grande maioria das pessoas tem alguma mania. Muitas delas, por vezes, calham de ganhar esse nome pomposo dado pela Medicina.
Isso, contudo, não deve ser encarado como um defeito ou motivo de diminuição individual. Basta lembrar que ninguém menos que o Rei Roberto Carlos é um dos que faz parte do time de TOC. A ex-paquita Luciana Vendramini também. Até o astro norte-americano Justin Timberlake assumiu em entrevista recente ser um paciente de Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Disponibilizamos abaixo um questionário da UFRGS para identificar sintomas de TOC. V
Vale lembrar: ninguém a não ser um médico irá fornecer um parecer confiável. Portanto, caso suponha ter TOC, melhor procurar orientação. SOU OU NÃO UM PORTADOR DE TOC?
Preocupo-me demais com sujeira, germes, contaminação, pó ou doenças.Lavo as mãos a todo o momento ou de forma exagerada.

Limpo ou lavo demasiadamente o piso, móveis, roupas ou objetos.

Tomo vários banhos por dia ou demoro demasiadamente no banho.

Não toco em certos objetos (corrimãos, trincos de portas, dinheiro, etc.) sem lavar as mãos depois.

Evito certos lugares (banheiros públicos, hospitais, cemitérios) por considerá-los pouco limpos ou achar que posso contrair doenças.

Verifico portas, janelas, o gás, mais do que o necessário;Verifico repetidamente o fogão, as torneiras, aparelhos elétricos, interruptores de luz mesmo após desligá-los.

Minha mente é invadida por pensamentos desagradáveis e impróprios, que me causam aflição e que nem sempre consigo afastá-los.

Tenho sempre muitas dúvidas, repetindo várias vezes a mesma tarefa ou pergunta para ter certeza de que não vou errar.

Preocupo-me demais com a ordem, o alinhamento ou simetria das coisas, e fico aflito(a) quando estão fora do lugar.

Necessito fazer coisas de forma repetida e sem sentido (tocar, repetir certos números, palavras ou frases).

Sou muito supersticioso com números, cores, datas ou lugares.

Necessito contar, repetir frases, palavras, enquanto estou fazendo coisas.

Guardo coisas inúteis (jornais velhos, caixas vazias, sapatos ou roupas velhas) e tenho muita dificuldade em desfazer-me delas.

Se uma das respostas for positiva, é bem provável que você seja portador de TOC.

Um comentário:

trixmaxxisuamarcanomundo disse...

Gostei muito da sua pesquisa sobre TOc, parabens.
Abracos,trixmaxxisuamarcanomundo